Por Vinicius Ruiz do Nascimento.
É do nosso conhecimento, ou pelo
menos, dos que possuem uma base mínima filosófica, conhecem ou ouviram falar que
o grande pensador Sócrates transformou o campo de estudo da filosofia numa
reflexão posterior ao seu tempo em um estudo póstumo focado nos problemas
existenciais e da verdade na sociedade, que no caso podemos citar a
nossa. A visão que ele passou foi tão importante, que a cronologia filosófica é
voltada sempre para esse mestre.
Segundo Sócrates, um sábio era
aquele que era humilde o suficiente para entender que não sabia tudo, ou seja,
aquele que era humilde o suficiente para buscar e aprender outras coisas e
nunca se achar o dono da razão. Para ele, o grande conhecedor da verdade era
aquele que de algum jeito buscava e investigava a verdade, não pela verdade
absoluta, pois esta é impossível de compreender, mas a verdade em que se
acredita. Dizia ainda que o maior conhecedor da verdade, apesar de ter
buscado-a, não deve defendê-la, pois estaria saindo como o pai e dono desta.
Até que ponto vamos para defender nossos pontos de vistas na sociedade atual?
Sócrates, século V ao IV a.C.
Com a correria do dia-a-dia é
quase impossível perceber que vivemos em uma época tecnológica, onde uma
criança de seis anos tem acesso à internet e talvez, até uma opinião formada
sobre um determinado assunto. Hoje em dia, saber é uma opção, ser desinformado
é não prestar atenção no mundo que estamos vivendo com esse fluxo tão grande de
informação. Meu ponto é que por mais que as vezes seja complicado lidar com
tanta tecnologia, devemos ir atrás da verdade.
Todos somos filósofos e só por
escrever isso estou cometendo o ato de filosofar. A filosofia começa a partir
da habilidade de pensar e ter uma reflexão. Como disse, todos somos filósofos
então todos nós podemos ter visões diferentes sobre o mesmo assunto e fazer
reflexões do que bem queremos. Buscar a verdade externa é muito importante,
precisamos tentar entender a verdadeira pessoa que existe dentro de nós, e
vivendo a vida do jeito que queremos sem nos preocupar com a opinião de
terceiros.
Socializar pode ser o jeito mais
fácil para refletir não só quem somos, mas também para entender melhor a
sociedade em si, já que muito pensadores como Emile Durkheim consideram a
socialização entre a sociedade e o indivíduo algo fundamental. Conhecer pessoas
e focar em lugares novos faz bem para a nossa saúde e evolui nossa inteligência
interpessoal. Pensadores importantes consideram a socialização algo tanto
quanto contraditório, pois tendemos a criar próprias regras e contestar regras
criadas. Seria como comparar direito e dever, uma coisa é consequência da
outra. Não iremos ter direito senão cumprirmos com nosso dever.
Émile Durkheim, sociólogo, antropólogo e cientista político francês.
Outro método que poderia ser útil
para ajudar a compreender a verdade de muitas coisas seria o bom senso, que é
apenas a vertente sobre o que é certo e errado, não que isso esteja definido
pela sociedade, mas sim pelo que você já experimentou pela vida ou até mesmo o
que sua criação ou família lhe mostrou sobre, ou seja, um senso comum.
Sócrates, como já mencionei, era
um mestre. Seu maior discípulo foi Platão que foi um grande filósofo que até
discordou de muito dos trabalhos de seu mentor. Sócrates o ensinou para que
pudesse voar sozinho e ter suas próprias ideias, por esse motivo Platão
questionava muito a politica que vivia em Atenas. Com o que foi dito, é levar
em consideração que nem sempre a verdade é única e não podemos ser preso a uma
só delas, já que estamos traçando planos próprios para nossa vida.
Já dizia Aristóteles: “O
verdadeiro discípulo é aquele que consegue superar o mestre. ”
Manter-nos atualizados, ou seja, informados, é o melhor
jeito de procurar a verdade e mostrar que você está atrás de algo, sendo assim
o melhor ato é a prática da leitura.
A leitura é uma diversão que deve
virar um hábito, não só por estimular a imaginação e a memória, mas também
porque nos dá a sabedoria de entender. Entender é ir além do simples aceitar, é
o saber daquilo que se está sendo dito. Podemos aceitar opiniões alheias, mas
se entendemos ficaria mais fácil de opor e explicar o seu lado da história.
Mas porque misturar assuntos tão
diversos? Literatura tem relação com a verdade?
Na realidade, sim. Isso porque um
depende do outro, uma relação mútua. A literatura foi tão importante na criação
da filosofia e do tema da verdade, que foi a maior fonte histórica que prova
que muitos filósofos existiram. A literatura tem como o objetivo passar uma
ideia clara ao leitor e pode ser tão mágica que passa arrepios e lágrimas de
emoção. A partir deste texto, eu tenho como o maior objetivo o de explicar o
que você acabou de ler.
Certamente, não foram só palavras
sem sentido, mas sim formas de conhecimento e busca pela verdade e por um
progresso intelectual. Progresso esse que nos ronda e nos deixa instigado. O
que seria do povo ou de uma nação sem o ato de progredir? Aguentaríamos ser “o
mesmo? ”
Pensando nisso, resolvi citar
sucintamente O Mito da Caverna, escrito por Platão para idealizar como seria o
estado. Trata-se de pessoas que vivem acorrentadas dentro de uma caverna, as
correntes dão espaço suficiente para que elas possam se mexer normalmente, mas
elas só conseguem ver aquela mesma parede de dentro da caverna. Eis então, que
uma das pessoas foge da caverna e descobre que há muitas coisas fora daquele
lugar e decide ir contar aos outros, estes não acreditam e resolvem ficar do
mesmo jeito, olhando para aquela mesma parede de sempre.
Esse texto tem um simples
objetivo, mostrar a alienação e a comodidade que a sociedade possui em relação
à verdade, e isso não quer dizer que eles não sabem sobre a verdade, mas que
não querem acreditar.
Mas o que o Mito da Caverna
mostra sobre progresso?
Simples: repare na situação apresentada no conto e agora pense na situação atual da sociedade e da
nação, trata-se do mesmo. E mesmo sendo escrito há muito tempo atrás continua representando
a situação ao qual estamos vivendo.
Progresso é esse simples fato de subir,
viver o novo e mudar características. E todo texto que traz uma informação ou
mensagem é uma forma de progredir com o seu pensamento, com seu pessoal e suas
emoções.
E se você discorda das visões
apresentadas?
Aí vem a melhor parte. É fundamental
aprender com o que não gostamos, porque saberemos nos opor ao que acreditamos e
claro precisamos entender (não somente aceitar) o que achamos chato e não
essencial. Tenho certeza que todos já estudaram uma matéria que não gostavam
para poder evoluir e tirar uma nota boa. Não só pelo fato da nota, mas pelo
fato daquela matéria o ajudar num possível vestibular ou em um determinado
momento da vida.
Platão, século V ao IV a.C.
Por último, mas não menos
importante, precisamos falar sobre o orgulho. Um sentimento tão importante e
reconhecedor. O orgulho é uma das razões para a felicidade, ter orgulho do que
fazemos ou até de onde viemos é ser humilde o suficiente para nos reconhecer. O
excesso desse sentimento pode virar algo ruim. O que falamos no começo do texto
sobre não estar aberto a aprender, é um tipo de orgulho, um não filtrado, que é
usado apenas para causar discórdia e chamar atenção.
O orgulho é uma das peças
fundamentais para nossas vidas, temos que ter certo orgulho sobre tudo o que
fazemos, pois, o orgulho também é tanto quanto detalhista, achamos que
trabalhos ou realizações de terceiros é melhor que as nossas. Não é inveja, mas
talvez uma vontade intuitiva de sentir orgulho por algo bem feito e ver que
fizemos por merecer.
O orgulho pode ser um dos maiores
inimigos no momento da discussão sobre pontos de vista, tendemos a defender
mesmo quando estamos errados, pela vergonha de admitir o erro e pelo orgulho
ferido de dizer a pessoa que ela estava eventualmente certa.
Toda vez que você abrir um livro,
jogue todo o seu orgulho fora e como um ser pensante procure racionalizar sobre
cada texto e opinião, as vezes a verdade está diante dos nossos olhos, então
tente interpretar cada palavra da melhor maneira possível. Mudar de opinião não
é estar errado ou ser um fracassado. É ter progresso, é o buscar pela verdade,
é manter informado e é viver a literatura da melhor forma possível.
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