By Leticia Sena
A série Instrumentos Mortais, obra da escritora norte-americana, nascida no
Irã, Cassandra Clare, teve o seu
primeiro livro publicado no Brasil em 2010, com o título de Cidade dos Ossos, e suas continuações
lançadas nos anos subsequentes, Cidade
das Cinzas e Cidade de Vidro em
2011, Cidade dos anjos caídos em
2012, Cidade das Almas Perdidas em
2013, e o encerramento da saga em 2014 com Cidade
do Fogo Celestial.
Uma série de fantasia para leitor
nenhum botar defeito, personagens bem desenvolvidos, vilões carismáticos, uma
narração fluida e cheia de ação, uma leitura gostosa, leve e simples, bem
indicada para aqueles momentos em que não suportamos mais a pressão dos dias
modernos e queremos apenas nos refugiar em um mundo mais interessante, cheio de
ação e criaturas sobrenaturais. Não faltam no universo dessa série vampiros,
lobisomens, feiticeiros, fadas e é claro as “estrelinhas” da história, os
corajosos shadowhunters (traduzido
fielmente para o português como caçadores
de sombras).
Bem a história se desenvolve de
forma maravilhosa, conhecemos Clary, uma garota simples que ao comemorar seu
aniversário de 16 anos enxerga a morte de um demônio numa boate, e depois
descobre que é a única a ver os caçadores de sombras. E não é só isso, ela
também faz parte dessa raça de caçadores, uma vez que ela descobre que sua
própria mãe era uma grande guerreira. Não entrarei em detalhes, mas a narrativa
flui de forma excelente até o terceiro livro (Cidade de Vidro), com um vilão por quem é super fácil se apaixonar
e um desfecho de tirar o fôlego, esse é um daqueles livros em que não se consegue
desgrudar da história nas últimas 100 páginas nem que esteja acontecendo um
incêndio na sua casa. Esse é o ponto em que como leitora, tiro o meu chapéu
para a mega simpática Cassandra Clare,
e agradeço pelos momentos maravilhosos que passei ao lado de seus personagens.
Para mim a história seria mais do que perfeita e a leitura simplesmente deliciosa
se tivesse acabado ali. A partir desse ponto, perdemos um dos melhores vilões
que já tive o prazer de conhecer, e a história perde um pouco do ritmo, em
minha opinião, principalmente por trazer um enfoque maior no casal principal da
história Clary e Jace, e em um determinado momento ficamos presos às impressões,
experiências e desejos sexuais ou não dos dois.
O bad boy introduzido após
Valentim, Sebastian, não é tão bom, nem tão esperto quanto este, nem alcança o
brilhantismo do personagem anterior, e além dessa falta de carisma, sua relação
nada saudável com Clary deixa os
acontecimentos dos três últimos livros um pouco maçantes. Em um dos últimos
livros Jace meio que perde o controle
do próprio corpo, e toda a fase de, outra pessoa controlando-o, fica muito repetitiva. Na verdade as
partes boas dos últimos livros sempre se referem a personagens secundários como
Isabelle, Simon, Maia, Alec, Magnus e
etc.
Minhas críticas à série de livros
terminam por aí, exceto pelo fato de que esteticamente, eu realmente não gosto
das capas lançadas no Brasil. Ok é bonitinho o fato de elas serem brilhantes,
mas meio corpo de alguns personagens pra mim é um tanto brega, e depois de
algum tempo o brilho das capas acaba sumindo, mas enfim: “Nunca
julgue um livro pela capa.”
Agora vamos a assuntos polêmicos
sobre a obra de Cassandra Clare:
cuidado, a partir daqui podem existir alguns spoilers...
1. O filme Cidade dos Ossos:
Da esquerda para a direita: Simon Lewis(Robert Sheehan), Jace(Jaime
Campbell), Clary Fray (Lily Collins), Alec Lightwood (Kevin Zegers), Isabelle
Lightwood (Jemima West).
Apesar de todas as críticas dos fãs,
eu curto bastante o cast desse filme. O Jace
da minha imaginação seria fisicamente idêntico ao Jamie Campbell se este fosse um pouquinho mais musculoso. Já Lily Collins em nada se parecia com a Clary que eu imaginava, mas surpreendeu
pela atuação, e se tivesse ficado com o cabelo um pouco mais puxado para o
ruivo natural, seria perfeita no papel. Já a minha Isabelle Lightwood imaginária seria uma versão bem jovem da Catherine Zeta-Jones, mas vamos combinar
que isso é um tanto quanto difícil de conseguir. O resto dos personagens do
filme seriam todos muito bons se esquecêssemos do Valentin, aliás, o filme inteiro seria muito bom se esquecêssemos
do Valentin, vou explicar por que. No
livro nós encontramos um vilão maduro, inteligente, cruel e manipulador e todas
essas qualidades o tornam uma pessoa sedutora, afinal o cara era o líder da
revolução de sua época e ninguém segue uma pessoa burra e impulsiva. Já na
adaptação cinematográfica da obra é exatamente o que vemos, um Valentin
caprichoso, impulsivo, burro e sem carisma. Não que a atuação de Jonathan Rhys Meyers deixe a desejar,
na minha opinião o que aconteceu foi um pequeno problema de roteiro e uma
inegável falta de verba para que o filme pudesse ser tudo o que o livro
apresenta. Digo isso por que uma boa parte do filme é surpreendentemente fiel à
obra literária, porém do meio para o final, exatamente no momento em que
aparece o Valentin a coisa toda
desanda de uma forma inexplicável e a história se desenrola num turbilhão de
acontecimentos atropelados que nos fazem não desejarmos termos começado a
assistir o bendito filme. De qualquer forma, se o filme tivesse mantido o ritmo
do começo ao fim, teria sido uma adaptação épica.
2. – A série Shadowhunters:
Da esquerda para a direita Magnus Bane (Harry Shum), Alec Lightwood (Matthew Daddario), Clary Fray
(Katherine McNamara), Jace (Dominic Sherwood), Isabelle Lightwood (Emeraude
Toubia) e Simon Lewis (Alberto Rosende).
Se apresentei criticas quanto a
adaptação cinematográfica, o que dizer da série apresentada pelo Netflix? A mim, nem o cast agradou. Além de atores muito
velhos para interpretarem adolescentes, e aqui a exceção à regra fica a cargo
da atriz Katherine Mcnamara, as
atuações também deixam a desejar, assim como os efeitos especiais e algumas
adaptações feitas à história original, como parece que irá acontecer nos casos
dos personagens Madame Dorothea
interpretada pela atriz Vanessa Matsuri
e Maureen Brown interpretada pela
atriz Shailene Garrett, essas mudanças não
me parecem ter uma grande promessa de sucesso. Não direi exatamente quais foram as mudanças em relação a obra
original e a série, por que estou me esforçando muito para não soltar muitos
spoilers. Os seguidores de Valentin ficaram parecendo personagens malvados
pertencentes à organização do filme MIB -
Homens de preto.
No geral a série me decepcionou
bastante, principalmente por que a desculpa que sempre ouvimos quando uma
adaptação cinematográfica sai muito diferente da obra original é que, no filme
não há tempo hábil para se abordar todos os acontecimentos do livro, então
inocentemente imaginei que a série seria mais fiel ao livro do que foi o filme.
Nas redes sociais li alguns
comentários preconceituosos a respeito do ator que interpreta Luke Garroway (Isaiah Mustafa) ser
negro, e achei todos eles bastante contraditórios uma vez que a própria Cassandra Clare procura englobar de
forma igualitária em sua obra todos os tipos de pessoas, uma coisa que por mais
que estejamos no século XXI é bem difícil de encontrar.
3. – Curiosidades:
Eu pegando o autógrafo da Cassandra Clare, não reparem o meu
estado, foram muitas horas de fila nesse dia.
Em 2014, Cassandra Clare visitou São Paulo durante a 23° Bienal Internacional do Livro, e simplesmente arrastou
multidões por onde passou. E não é para menos, a autora se dedica bastante aos
fãs e deu atenção a maior quantidade de gente que conseguiu nessa ocasião. Eu
tive a sorte de, com bastante esforço, estar entre as pessoas que conseguiram
pegar a senha para ver de perto a idealizadora do universo de Instrumentos Mortais e conseguir alguns
autógrafos em meus livros. Nessa ocasião, Clare
tentou manter o maior contato que conseguiu com os fãs, mesmo que a falta de conhecimento
do nosso idioma atrapalhasse um pouquinho a comunicação, o que deixou muitos
dos que saiam da fila felizes, a níveis de euforia.
Em pergunta feita pela minha irmã
durante a Bienal, Cassandra declarou
que o livro que mudou a sua vida foi a série Harry Potter.
Durante a essa Bienal do livro a Editora Galera Record lançou uma edição de colecionador que nada
mais é do que um compilado de Cidade dos
Ossos e Cidade das Cinzas, que é
simplesmente lindo, com a capa toda cromada e cheio de runas, completamente
apaixonante, e esse foi um dos livros que levei para ser autografado.
Ao contrário do que acontece com
a maioria das histórias, o casal preferido da maioria dos fãs não gira em torno
de mocinha e mocinho, ou de mocinha e anti-herói. A grande maioria dos
admiradores concordam que o casal mais interessante e divertido da saga Instrumentos Mortais é Alec e Magnus.
Cassandra Clare já publicou sobre o mesmo universo 11 livros, sendo
eles os seis já tão citados que fazem parte da série Instrumentos Mortais, três pertencentes a série Peças Infernais (Anjo Mecânico, Príncipe
Mecânico e Princesa Mecânica), O Codex dos Caçadores de Sombras, As
crônicas de Bane e, “Tales from the shadowhunter Academy” (10 contos
lançados em formato digital, porém com lançamento em formato físico e ilustrado,
previsto para 15 de novembro de 2016), por não ter dado o encerramento que
deseja a essas histórias, outros livros ainda serão publicados abordando o
mesmo universo e as situações particulares de alguns personagens, por esse
motivo a autora decidiu chamar o conjunto da obra que aborda todos as histórias
desse universo de “The Shadowhunter
Chronicles” (As crônicas dos caçadores de sombras). Em parceira com a
autora Holly Black já foram
publicados no Brasil os livros, Desafio
de ferro e A luva de cobre.
Cassandra Clare
Apesar da taxação bastante
preconceituosa de literatura teen, o universo cheio de ação sobrenatural criado
por Cassandra Clare, é extremamente
envolvente, emocionante e bem desenvolvido, certamente é uma obra que ainda tem
muito potencial de crescimento, e pode ser lida mais de uma vez causando o
mesmo impacto que se tem na ocasião da primeira leitura.
P. S. Alguns nomes e sobrenomes
de personagens foram ocultados para evitar spoilers.
Espero que tenham gostado! Até a próxima Melons...
Adorei o seu texto... Adoro os livros, estou assistindo a série e odiando, acho q o ator q faz o Alec ficaria bem melhor de Jace ele tem uma cara q eu inaginaria no Jace ,sexy e prepotente, achei esse Jace uma porcaria. Sobre a história estou cada vez mais puta com as mudanças q estão fazendo... Mas blza, estou acompanhando rs
ResponderExcluirObrigada pela apreciação!!!!! Fiquei super feliz com o seu comentário. Eu tinha gostado bastante do Jace do filme, para mim aquele estava perfeito, o da série é bastante sem graça...
ExcluirEstou acompanhando a série apenas por acompanhar, mas não curti nem um pouco, porém, já anunciaram hoje a confirmação da segunda temporada... :(
Sempre vai ter um pouquinho de Cassie por aqui, entre outras coisas. Continua acompanhando que vai ser legal!
Até a próxima!
Leticia.