sábado, 27 de fevereiro de 2016

Cassandra Clare e seus Instrumentos Mortais

By Leticia Sena

A série Instrumentos Mortais, obra da escritora norte-americana, nascida no Irã, Cassandra Clare, teve o seu primeiro livro publicado no Brasil em 2010, com o título de Cidade dos Ossos, e suas continuações lançadas nos anos subsequentes, Cidade das Cinzas e Cidade de Vidro em 2011, Cidade dos anjos caídos em 2012, Cidade das Almas Perdidas em 2013, e o encerramento da saga em 2014 com Cidade do Fogo Celestial.
Uma série de fantasia para leitor nenhum botar defeito, personagens bem desenvolvidos, vilões carismáticos, uma narração fluida e cheia de ação, uma leitura gostosa, leve e simples, bem indicada para aqueles momentos em que não suportamos mais a pressão dos dias modernos e queremos apenas nos refugiar em um mundo mais interessante, cheio de ação e criaturas sobrenaturais. Não faltam no universo dessa série vampiros, lobisomens, feiticeiros, fadas e é claro as “estrelinhas” da história, os corajosos shadowhunters (traduzido fielmente para o português como caçadores de sombras).
Bem a história se desenvolve de forma maravilhosa, conhecemos Clary, uma garota simples que ao comemorar seu aniversário de 16 anos enxerga a morte de um demônio numa boate, e depois descobre que é a única a ver os caçadores de sombras. E não é só isso, ela também faz parte dessa raça de caçadores, uma vez que ela descobre que sua própria mãe era uma grande guerreira. Não entrarei em detalhes, mas a narrativa flui de forma excelente até o terceiro livro (Cidade de Vidro), com um vilão por quem é super fácil se apaixonar e um desfecho de tirar o fôlego, esse é um daqueles livros em que não se consegue desgrudar da história nas últimas 100 páginas nem que esteja acontecendo um incêndio na sua casa. Esse é o ponto em que como leitora, tiro o meu chapéu para a mega simpática Cassandra Clare, e agradeço pelos momentos maravilhosos que passei ao lado de seus personagens. Para mim a história seria mais do que perfeita e a leitura simplesmente deliciosa se tivesse acabado ali. A partir desse ponto, perdemos um dos melhores vilões que já tive o prazer de conhecer, e a história perde um pouco do ritmo, em minha opinião, principalmente por trazer um enfoque maior no casal principal da história Clary e Jace, e em um determinado momento ficamos presos às impressões, experiências e desejos sexuais ou não dos dois.
O bad boy introduzido após Valentim, Sebastian, não é tão bom, nem tão esperto quanto este, nem alcança o brilhantismo do personagem anterior, e além dessa falta de carisma, sua relação nada saudável com Clary deixa os acontecimentos dos três últimos livros um pouco maçantes. Em um dos últimos livros Jace meio que perde o controle do próprio corpo, e toda a fase de, outra pessoa controlando-o, fica muito repetitiva. Na verdade as partes boas dos últimos livros sempre se referem a personagens secundários como Isabelle, Simon, Maia, Alec, Magnus e etc.
Minhas críticas à série de livros terminam por aí, exceto pelo fato de que esteticamente, eu realmente não gosto das capas lançadas no Brasil. Ok é bonitinho o fato de elas serem brilhantes, mas meio corpo de alguns personagens pra mim é um tanto brega, e depois de algum tempo o brilho das capas acaba sumindo,  mas enfim: “Nunca julgue um livro pela capa.”
Agora vamos a assuntos polêmicos sobre a obra de Cassandra Clare: cuidado, a partir daqui podem existir alguns spoilers...


1. O filme Cidade dos Ossos: 


Da esquerda para a direita: Simon Lewis(Robert Sheehan), Jace(Jaime Campbell), Clary Fray (Lily Collins), Alec Lightwood (Kevin Zegers), Isabelle Lightwood (Jemima West).

Apesar de todas as críticas dos fãs, eu curto bastante o cast desse filme. O Jace da minha imaginação seria fisicamente idêntico ao Jamie Campbell se este fosse um pouquinho mais musculoso. Já Lily Collins em nada se parecia com a Clary que eu imaginava, mas surpreendeu pela atuação, e se tivesse ficado com o cabelo um pouco mais puxado para o ruivo natural, seria perfeita no papel. Já a minha Isabelle Lightwood imaginária seria uma versão bem jovem da Catherine Zeta-Jones, mas vamos combinar que isso é um tanto quanto difícil de conseguir. O resto dos personagens do filme seriam todos muito bons se esquecêssemos do Valentin, aliás, o filme inteiro seria muito bom se esquecêssemos do Valentin, vou explicar por que. No livro nós encontramos um vilão maduro, inteligente, cruel e manipulador e todas essas qualidades o tornam uma pessoa sedutora, afinal o cara era o líder da revolução de sua época e ninguém segue uma pessoa burra e impulsiva. Já na adaptação cinematográfica da obra é exatamente o que vemos, um Valentin caprichoso, impulsivo, burro e sem carisma. Não que a atuação de Jonathan Rhys Meyers deixe a desejar, na minha opinião o que aconteceu foi um pequeno problema de roteiro e uma inegável falta de verba para que o filme pudesse ser tudo o que o livro apresenta. Digo isso por que uma boa parte do filme é surpreendentemente fiel à obra literária, porém do meio para o final, exatamente no momento em que aparece o Valentin a coisa toda desanda de uma forma inexplicável e a história se desenrola num turbilhão de acontecimentos atropelados que nos fazem não desejarmos termos começado a assistir o bendito filme. De qualquer forma, se o filme tivesse mantido o ritmo do começo ao fim, teria sido uma adaptação épica.

2. – A série Shadowhunters:

Da esquerda para a direita Magnus Bane (Harry Shum), Alec Lightwood (Matthew Daddario), Clary Fray (Katherine McNamara), Jace (Dominic Sherwood), Isabelle Lightwood (Emeraude Toubia) e Simon Lewis (Alberto Rosende).

Se apresentei criticas quanto a adaptação cinematográfica, o que dizer da série apresentada pelo Netflix? A mim, nem o cast agradou. Além de atores muito velhos para interpretarem adolescentes, e aqui a exceção à regra fica a cargo da atriz Katherine Mcnamara, as atuações também deixam a desejar, assim como os efeitos especiais e algumas adaptações feitas à história original, como parece que irá acontecer nos casos dos personagens Madame Dorothea interpretada pela atriz Vanessa Matsuri e Maureen Brown interpretada pela atriz Shailene Garrett, essas mudanças não me parecem ter uma grande promessa de sucesso. Não direi exatamente quais foram as mudanças em relação a obra original e a série, por que estou me esforçando muito para não soltar muitos spoilers. Os seguidores de Valentin ficaram parecendo personagens malvados pertencentes à organização do filme MIB - Homens de preto.
No geral a série me decepcionou bastante, principalmente por que a desculpa que sempre ouvimos quando uma adaptação cinematográfica sai muito diferente da obra original é que, no filme não há tempo hábil para se abordar todos os acontecimentos do livro, então inocentemente imaginei que a série seria mais fiel ao livro do que foi o filme.
Nas redes sociais li alguns comentários preconceituosos a respeito do ator que interpreta Luke Garroway (Isaiah Mustafa) ser negro, e achei todos eles bastante contraditórios uma vez que a própria Cassandra Clare procura englobar de forma igualitária em sua obra todos os tipos de pessoas, uma coisa que por mais que estejamos no século XXI é bem difícil de encontrar.

3. – Curiosidades:


Eu pegando o autógrafo da Cassandra Clare, não reparem o meu estado, foram muitas horas de fila nesse dia.

Em 2014, Cassandra Clare visitou São Paulo durante a 23° Bienal Internacional do Livro, e simplesmente arrastou multidões por onde passou. E não é para menos, a autora se dedica bastante aos fãs e deu atenção a maior quantidade de gente que conseguiu nessa ocasião. Eu tive a sorte de, com bastante esforço, estar entre as pessoas que conseguiram pegar a senha para ver de perto a idealizadora do universo de Instrumentos Mortais e conseguir alguns autógrafos em meus livros. Nessa ocasião, Clare tentou manter o maior contato que conseguiu com os fãs, mesmo que a falta de conhecimento do nosso idioma atrapalhasse um pouquinho a comunicação, o que deixou muitos dos que saiam da fila felizes, a níveis de euforia.
Em pergunta feita pela minha irmã durante a Bienal, Cassandra declarou que o livro que mudou a sua vida foi a série Harry Potter.
Durante a essa Bienal do livro a Editora Galera Record lançou uma edição de colecionador que nada mais é do que um compilado de Cidade dos Ossos e Cidade das Cinzas, que é simplesmente lindo, com a capa toda cromada e cheio de runas, completamente apaixonante, e esse foi um dos livros que levei para ser autografado.


Ao contrário do que acontece com a maioria das histórias, o casal preferido da maioria dos fãs não gira em torno de mocinha e mocinho, ou de mocinha e anti-herói. A grande maioria dos admiradores concordam que o casal mais interessante e divertido da saga Instrumentos Mortais é Alec e Magnus.
Cassandra Clare já publicou sobre o mesmo universo 11 livros, sendo eles os seis já tão citados que fazem parte da série Instrumentos Mortais, três pertencentes a série Peças Infernais (Anjo Mecânico, Príncipe Mecânico e Princesa Mecânica), O Codex dos Caçadores de Sombras, As crônicas de Bane e, “Tales from the shadowhunter Academy” (10 contos lançados em formato digital, porém com lançamento em formato físico e ilustrado, previsto para 15 de novembro de 2016), por não ter dado o encerramento que deseja a essas histórias, outros livros ainda serão publicados abordando o mesmo universo e as situações particulares de alguns personagens, por esse motivo a autora decidiu chamar o conjunto da obra que aborda todos as histórias desse universo de “The Shadowhunter Chronicles” (As crônicas dos caçadores de sombras). Em parceira com a autora Holly Black já foram publicados no Brasil os livros, Desafio de ferro e A luva de cobre.


Cassandra Clare

Apesar da taxação bastante preconceituosa de literatura teen, o universo cheio de ação sobrenatural criado por Cassandra Clare, é extremamente envolvente, emocionante e bem desenvolvido, certamente é uma obra que ainda tem muito potencial de crescimento, e pode ser lida mais de uma vez causando o mesmo impacto que se tem na ocasião da primeira leitura.

P. S. Alguns nomes e sobrenomes de personagens foram ocultados para evitar spoilers.
Espero que tenham gostado! Até a próxima Melons... 

2 comentários:

  1. Adorei o seu texto... Adoro os livros, estou assistindo a série e odiando, acho q o ator q faz o Alec ficaria bem melhor de Jace ele tem uma cara q eu inaginaria no Jace ,sexy e prepotente, achei esse Jace uma porcaria. Sobre a história estou cada vez mais puta com as mudanças q estão fazendo... Mas blza, estou acompanhando rs

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    1. Obrigada pela apreciação!!!!! Fiquei super feliz com o seu comentário. Eu tinha gostado bastante do Jace do filme, para mim aquele estava perfeito, o da série é bastante sem graça...
      Estou acompanhando a série apenas por acompanhar, mas não curti nem um pouco, porém, já anunciaram hoje a confirmação da segunda temporada... :(
      Sempre vai ter um pouquinho de Cassie por aqui, entre outras coisas. Continua acompanhando que vai ser legal!

      Até a próxima!
      Leticia.

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