segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Reflexões sobre canais de streaming e construções sociais.



Essa semana (o texto saiu atrasado, no caso saiu na semana passada) foi anunciado que em novembro chega em nossas terras tupiniquins o canal de Streaming Disney +, no valor de assinatura de 28,99. A primeira coisa que me vem a mente é que dentro de poucos anos a Disney será dona do mundo, mundo que já se curva tão serviçalmente aos pés estadunidenses. 

Quando a Disney passa a proibir e vender direitos de suas obras concentrando-as em uma plataforma sua e exclusiva, além e criar nichos e monopólios culturais maiores, o que abre brecha pra cada marca abrir seu meio de exploração de suas obras, assim, se quer consumir aquilo sob a "ilusão" de se paga pouco por usufruto total de algo. 

O que é uma falácia, quem usufrui de suas assinaturas da maneira que queriam e como é prometido quando tem contas, relacionamentos, trabalho, família, filhos...? Na vida real é comum chegar ao fim do mês não tendo visto nem 5 filmes ou uma série completa. 

Mas, ao segmentar esse mercado cultural, o que a Disney quer é lucrar em cima do emocional e afetivo da atual faixa etária detentora do poder aquisitivo aqueles entre seus 25 a 50 anos, que se conectam com a marca por lembranças infantis ou por querer entreter filhos. Mas, realmente será que vale? Quando você tem streaming muito mais abrangente e de produções de qualidade como a Netflix por assinaturas partir mensais à partir de 21,90 ou Amazon Prime com assinatura fixa de 10,00 com um bom catálogo de filmes e séries, além de benefícios como frete grátis e descontos exclusivos na Amazon, além de programas de e-books gratuitos e streaming de música, a única coisa que a Disney tem e usa sem ressentimentos o emocional de seu público. 

Mas, o verdadeiro intuito desse post não era nem tanto discursar sobre esse mundo capitalista selvagem, mas sim sobre padrões sociais e comportamentais que por décadas incutiu na cabeça das meninas. 


As princesas "disneyanas" até meados dos anos 2000 sempre se mostravam cordiais, inocentes, submissas, omissas; quando começa a ter sinais de mudanças lá pela década de 90 elas se mostravam "fortes" e "rebeldes" mas tudo em nome de viver um amor, ou se encaixar no mundo que seu homem quer. 

E as consequências disso são graves e ignoradas, viemos de famílias onde a mãe na maioria das vezes é cordial e abnegada, deixando suas individualidades em nome de um casamento que todos esperam, ou mulheres que aceitam as "feras" de seus parceiros se submetendo em relacionamentos abusivos pois é tudo instinto masculino, e que é papel da mulher domar e cuidar daquele homem, pois somente ela poder a salvá -lo.

Fomos doutrinadas,minadas, tivemos nossa auto estima baseada em ser aquilo que o príncipe vai querer em troca de acorda-la para só então viver, ou tira-la de sua vida chata que ela só não tem coragem de mudar o rumo e se impor. 

Em contrapartida vemos a própria Disney mudando padrões de princesas e isso é maravilhoso, acredito que no futuro verei mulheres fortes e donas e si, verdadeiras Meridas, Elsas, Vanellopes... 

Afinal Lii você é contra a Disney ou não!? Sou contra essa gana insaciável capitalista, mas não tiro o crédito  a importância dessa marca na construção das nossas crianças; afinal fui uma dessas crianças e sou aquela que tem a ligação emocional com a Disney, amo, pois ela me traz a lembrança da inocência, da pequena Aline; mas mesmo ainda amando a Disney e aqueles péssimos exemplos de femininos, isso não nos exime de sempre problematizar  e desconstruir; afinal é o que nos resta depois de relacionamentos

tóxicos ou auto imagens distorcidas, nos resta apenas assistir a Bela Adormecida, com carinho e ódio, reaprendendo a acordar sozinhas, sairmos dos nossos castelos e ir nos manter sozinhas, já que no final o príncipe tem grande chance de ser um sapo disfarçado e a terapia não se paga sozinha. 
(Imagens: Dina Goldstein).

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