sábado, 5 de março de 2016

Ciência, Ficção e Literatura: O Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley

By Ana Carolina

Publicado originalmente em 1932, Admirável mundo novo é fruto do período sombrio vivido pelo autor antes da segunda guerra mundial. É o típico livro que o leitor tem uma impressão diferente (do livro e do mundo ao seu redor) a cada vez que lê.

                        

Fonte www.livrariacultura.com.br                                   Fontelelivros.website

Mas este não é um post político sobre condicionamento e manipulação das massas, (mesmo com tudo o que vem acontecendo atualmente...) apesar de a abordagem deste aspecto em uma história escrita há mais de 80 anos ser absurdamente atual. Vale apenas ler também por isso... Estou aqui hoje para ser uma enfermeira boazinha e dar um tempo nas suas retinas cansadas de teoria política. Vamos falar de genética!!!

Admirável Mundo Novo narra um futuro hipotético onde as pessoas vivem um sistema de castas sociais e genéticas, fabricadas com destino certo e manipuladas psicologicamente para não desejarem outra coisa além daquilo para o que foram predestinadas. O Processo Bokanovsky, análogo literário da clonagem humana, produz seres humanos em massa nas linhas de produção do “Centro de Incubação e Condicionamento”, que serão, posteriormente, condicionadas durante anos para viverem de acordo com as normas vigentes entre seus pares dentro de sua “casta”. Até que algo ocorre (OK, nada de spoiller!!!)
 “...um ovo bokanovskizado tem a propriedade de germinar, proliferar, dividir-se de oito a noventa e seis germes, e cada um destes se tornará um embrião perfeitamente formado, e cada embrião, um adulto completo. Assim se consegue fazer crescer noventa e seis seres humanos em lugar de um só. Progresso” 

O fato de que clonagem e mesmo genética não serem assuntos correntes à época dá ao livro o posto de ficção científica que ele merece ainda hoje. Claro que, como várias outras obras de ficção, ganhou também um ar de profecia científica, especialmente depois que tentaram, com sucesso relativo, a clonagem de um mamífero: a famosa ovelha Dolly (para os desavisados, ela não deve seu nome ao refrigerante!!!)

Fatos científicos sobre Dolly: criada através de um método chamado de “transferência somática de núcleo” a partir da célula mamária de uma ovelha adulta,  foram necessárias 277 tentativas para que uma resultasse no “nascimento” de um mamífero completo e vivo. Após sete anos, Dolly desenvolveu um tipo de envelhecimento precoce, foi sacrificada, empalhada e colocada num museu, e ainda hoje se discute se seus problemas foram ou não gerados pela clonagem. Outras tentativas de duplicação de mamíferos foram igualmente infrutíferas devido a falhas na reprogramação do genoma das células clonadas.

Mas, e então, dá para clonar humanos???

Bem, o ser humano é um organismo bastante complexo e me parece mais difícil de ser clonado do que imaginaram os primeiros leitores de Huxley. Apesar do mapeamento do genoma e de toda a tecnologia, esta parece uma barreira intransponível. Pelo menos para a clonagem com fins reprodutivos (o que a meu ver é inútil, haja vista que os humanos se mostraram perfeitamente capazes de se reproduzir em larga escala...), clonagem com finalidade terapêutica é outra coisa... Mas falar de células tronco aqui seria subverter a real motivação do nosso espaço e transformaria este lugar numa praça de guerra. Vamos deixar isso para outro dia...

O livro foi transformado em filme duas vezes: em 1980 pela BBC e 1998 por Hollywood. Este último conta com a participação do ícone da ficção científica Leonard Nimoy. O enredo científico da clonagem de Huxley lembra um pouco de “Matrix”, “Gattaca” e “A Ilha” (OK, sem spoiller).

                     Fonte topdezfilmes.org            Fonte www.planetaeducacao.com.br



É possível isso?

 Não, não é. Ou, pelo menos, não do modo e para as finalidades descritas na ficção científica até aqui. Mas já dá para ver o quanto “Admirável Mundo Novo” já influenciou suas sessões de cinema.


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